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Gol e Azul abortam fusão; impasses financeiros, políticos e regulatórios travam negócio

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São Paulo, 28 set. 2025 – O Grupo Abra, controlador da Gol, decidiu na quinta-feira (26) encerrar as negociações de fusão com a Azul e suspender o acordo de compartilhamento de voos entre as duas companhias aéreas.

A manobra interrompe tratativas iniciadas em janeiro e que poderiam criar uma empresa com 60,4% do mercado doméstico brasileiro, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) referentes aos 12 meses encerrados em agosto.

Mercado reage

Logo após o anúncio, as ações da Azul dispararam 17,1% na sexta-feira (27), enquanto os papéis da Gol avançaram 5,3%.

Três obstáculos principais

De acordo com fontes próximas à negociação, três fatores inviabilizaram a fusão:

  • Descompasso financeiro: quando as conversas começaram, a Gol estava em recuperação judicial nos Estados Unidos, via Chapter 11. A companhia concluiu a reestruturação em junho. Já a Azul ingressou no mesmo processo em maio e passou a priorizar sua própria reorganização, incluindo o plano de reduzir 35% da frota para focar em rentabilidade.
  • Pressão política: parlamentares e entes regionais ampliaram a resistência ao negócio, temendo concentração de mercado e perda de rotas.
  • Resistência regulatória: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) cobrava detalhes sobre controle acionário e chegou a advertir as empresas por anúncios considerados prematuros. Especialistas previam exigências como devolução de slots e manutenção de rotas deficitárias.

Codeshare não decolou

O acordo de compartilhamento de voos, costurado enquanto a fusão era discutida, teve resultado mínimo. Em setembro, o Cade formalizou reclamação por não ter sido notificado oficialmente sobre a operação conjunta.

Próximos passos das companhias

Analistas avaliam que, sem a fusão, cada empresa ganha tempo para tocar seu próprio plano de recuperação. A Gol evita novos compromissos logo após sair do Chapter 11, e a Azul concentra esforços na reestruturação nos Estados Unidos.

Mesmo com o revés, a Abra mantém a estratégia de consolidação na América Latina. A holding, que também controla a colombiana Avianca, considera a criação de um grupo regional sólido fundamental para buscar uma oferta pública inicial (IPO) em mercados internacionais.

O fim das conversas não elimina a possibilidade de novas movimentações no setor, mas, por ora, Gol e Azul priorizam ajustes internos e rentabilidade em rotas mais lucrativas.

Com informações de Gazeta do Povo