Brasília – A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) prestou depoimento por videoconferência à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 24 de setembro de 2025. Falando de uma penitenciária feminina em Roma, onde está presa desde julho, a parlamentar chorou, exibiu a foto do filho e afirmou ser vítima de “perseguição política” conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Zambelli relatou que as decisões judiciais teriam atingido familiares próximos. “Ele tirou as redes sociais do meu filho, da minha mãe e bloqueou todas as contas do meu marido”, declarou, referindo-se a Moraes. A deputada insiste que está detida de forma injusta e afirma ter deixado o Brasil em busca de exílio porque não confiava em um julgamento imparcial.
Condenação pelo STF e fuga do país
Em agosto, o STF condenou Zambelli a dez anos de prisão por participação na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizada pelo hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a Corte, a deputada estimulou e colaborou com o ataque que inseriu informações falsas no banco de dados do Judiciário.
Antes que a sentença se tornasse definitiva, ela viajou primeiro aos Estados Unidos e depois à Itália, onde possui cidadania. Incluída na lista de difusão vermelha da Interpol, foi localizada e presa em julho pela polícia italiana. O governo brasileiro já solicitou sua extradição, ainda pendente de decisão.
Saúde fragilizada na prisão
Ao colegiado, Zambelli descreveu problemas de saúde no cárcere, como crises de fibromialgia, desmaios e dificuldades de locomoção. “Pareço uma idosa, ando devagar e sinto dores constantes. Preciso de acompanhamento médico adequado”, disse.
Risco de cassação no Congresso
O relator do processo na CCJ, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), aguarda documentos oficiais do STF para concluir parecer sobre eventual perda do mandato. Após análise na comissão, o pedido de cassação seguirá ao plenário, onde serão necessários pelo menos 257 votos favoráveis.
Até agora, a comissão ouviu testemunhas como Walter Delgatti Neto, que reafirmou ter agido a pedido da parlamentar, e o ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral Eduardo Tagliaferro, que disse que Zambelli estava entre os principais alvos de monitoramento do gabinete de Moraes. Ainda devem depor o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, policiais federais e o jornalista Oswaldo Eustáquio.
A expectativa é que o parecer seja apresentado nas próximas semanas. Se a cassação for aprovada, Zambelli perderá o mandato e os direitos políticos, além de poder ser extraditada para cumprir pena no Brasil. Até lá, permanece detida em Roma, reafirmando inocência e denunciando perseguição do Judiciário brasileiro.
Com informações de Gazeta do Povo