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Kremlin anuncia plano naval até 2050 para recuperar influência no Mar Negro

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A Rússia aprovou uma nova estratégia marítima com horizonte até 2050 após sucessivas derrotas sofridas no Mar Negro desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. A informação foi confirmada por Nikolai Patrushev, assessor do presidente Vladimir Putin, em entrevista concedida em junho ao jornal Argumenti i Fakti.

Patrushev afirmou que o documento garante “visão de longo prazo” sobre possíveis cenários nos oceanos e define metas para revigorar a Frota russa. “A posição da Rússia como grande potência marítima está se recuperando gradualmente”, declarou.

Reveses em Sebastopol impulsionam mudança

A nova diretriz surge após a marinha ucraniana atacar, em 11 de setembro, um centro de comunicações em Sebastopol, na Crimeia, responsável pela coordenação da Frota do Mar Negro. O tenente Roland M. Kolwitz, da Marinha dos Estados Unidos, escreveu na revista do Instituto Naval norte-americano que a Ucrânia já destruiu cerca de um terço da frota russa, expulsou navios de guerra do Mar de Azov e pressiona Moscou a deixar o porto de Sebastopol.

Segundo Kolwitz, Kiev obteve esses resultados empregando principalmente mísseis de cruzeiro de defesa costeira e embarcações não tripuladas usadas como veículos de ataque unidirecional — táticas consideradas acessíveis a forças menores.

Drone Toloka amplia capacidade ucraniana

Entre os equipamentos que desafiam Moscou está o drone subaquático Toloka, revelado ao público em uma feira de defesa em Lviv na última semana. A versão mais potente mede até 12 metros, transporta cinco toneladas de explosivos e atinge alvos a 2 000 km de distância, informou o The Kyiv Independent. Especialistas especulam que o artefato foi usado em junho contra a Ponte da Crimeia.

Prioridade no Mar Negro

No novo plano, o Mar Negro ganha status prioritário. Patrushev prometeu “fragatas, corvetas, aviação e complexos robóticos” para reforçar a frota local nos próximos anos.

Resposta do Ocidente

A União Europeia adotou em maio uma estratégia própria para a região, criando um centro de segurança marítima destinado a monitorar riscos. Em entrevista recente ao site da Chatham House, a pesquisadora Natalie Sabanadze defendeu maior coordenação entre UE e Otan, citando o fortalecimento das marinhas búlgara e romena como essencial.

Sabanadze destacou ainda o papel da Turquia, que controla os estreitos de Bósforo e Dardanelos. Embora Ancara não tenha imposto sanções a Moscou, apoia a permanência da Ucrânia como potência naval e a preservação de sua costa no Mar Negro.

A estratégia russa de longo prazo busca, assim, responder aos reveses impostos por mísseis, drones e pressão diplomática, enquanto o Ocidente intensifica esforços para conter a influência do Kremlin na região.

Com informações de Gazeta do Povo