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França ameaça reação dura caso Israel retalie reconhecimento do Estado palestino

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Paris, 22 set. 2025 – O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, afirmou nesta segunda-feira (22) que qualquer represália israelense ao reconhecimento francês do Estado da Palestina, como o eventual fechamento da embaixada da França em Tel Aviv, será enfrentada “com extrema firmeza”. A declaração foi feita em entrevista ao canal TF1, horas antes da abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York.

Questionado sobre rumores de retaliação, Barrot disse que tal medida “não é do interesse de Israel” e reiterou que Paris responderá de forma enérgica caso isso ocorra. Segundo ele, o gesto de reconhecimento “visa contribuir para a segurança de Israel” e será aplicado de maneira gradual, condicionada a fatores “no terreno, incluindo a libertação dos reféns” mantidos em Gaza.

Entre as exigências francesas para avançar no processo estão: uma ampla reforma administrativa da Autoridade Nacional Palestina, o desarmamento do Hamas e a retirada do grupo do controle da Faixa de Gaza, com apoio de países árabes aliados. “Nossa convicção é que um Estado palestino representa o fim do Hamas e mais segurança para Israel”, declarou o ministro.

Barrot evitou classificar a ofensiva israelense em Gaza como genocídio, alegando que esse termo deve ser determinado por tribunais internacionais, como a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional. Ainda assim, destacou que o relatório da ONU que emprega a palavra “genocídio” demonstra a gravidade da situação e reforça o apelo por um cessar-fogo. “Gaza tornou-se um lugar de morte”, disse.

Pronunciamento de Macron e símbolos em Paris

O presidente Emmanuel Macron formalizará o reconhecimento da Palestina em discurso previsto para esta tarde na sede das Nações Unidas. Na véspera, as bandeiras palestina e israelense foram projetadas lado a lado na Torre Eiffel, unidas por uma pomba com um ramo de oliveira, símbolo da paz.

A iniciativa coincidiu com a campanha do Partido Socialista, que incentivou municípios a hastear a bandeira palestina. Cidades administradas por prefeitos de esquerda, como Nantes e Saint-Denis, aderiram ao ato. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, expediu orientação para que a Justiça intervenha, alegando violação do princípio de neutralidade do Estado.

Em Saint-Denis, o primeiro-secretário socialista Olivier Faure compareceu à prefeitura para apoiar o prefeito Mathieu Hanotin durante a cerimônia. Em Nantes, a prefeita Johanna Rolland publicou foto da bandeira palestina tremulando no prédio municipal e afirmou que a cidade “acompanha esta decisão histórica” tomada pela França.

Reação israelense

Na véspera, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que “não haverá um Estado palestino ao oeste do rio Jordão” após Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecerem a Palestina. Netanyahu adiantou que anunciará uma “resposta” ao retornar da Assembleia Geral da ONU, na qual discursará na sexta-feira (26). Outros países europeus, incluindo a França, devem oficializar o reconhecimento ainda esta semana.

Com informações de Gazeta do Povo