O governo brasileiro não convidou os Estados Unidos para a reunião internacional em defesa da democracia marcada para a próxima quarta-feira, 24 de setembro, em Nova York. O encontro acontecerá à margem da 80.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi idealizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
Segundo interlocutores do Itamaraty citados pela imprensa, somente países considerados “plenamente democráticos” receberam convite. A posição foi atribuída a críticas do governo do presidente Donald Trump ao Judiciário brasileiro, a tarifas de 50% impostas a produtos do país e à revogação de vistos de autoridades brasileiras.
Histórico de atritos
Em carta recente, Trump afirmou que tais medidas respondem ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado, e a decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra plataformas digitais. Moraes tornou-se alvo de sanções previstas na Lei Magnitsky, sob acusação de violações de direitos humanos.
Mesmo com a pressão norte-americana, o STF manteve o processo e, em 11 de setembro, a Primeira Turma condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, além de multa. Após a sentença, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sinalizou novas sanções ao Brasil “nos próximos dias”.
Formato do encontro
Mais de 30 países devem participar da discussão, que terá como temas centrais o combate à desigualdade e à desinformação. Além de Brasil e Espanha, integram a organização Uruguai, Colômbia e Chile. A primeira edição do fórum ocorreu em 2024; naquela ocasião, o governo Joe Biden enviou o vice-secretário de Estado Kurt Campbell na última hora.
Agenda presidencial
Lula embarca para Nova York neste domingo, 21 de setembro, e fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral na terça-feira, 23. A comitiva brasileira sofreu duas baixas: o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu da viagem após restrições de mobilidade impostas pelos EUA, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permaneceu em Brasília para acompanhar a possível votação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Em julho, Lula participou de reunião do mesmo grupo no Chile, onde declarou que “o extremismo de direita” promove ofensiva global contra a democracia ao “controlar algoritmos, disseminar ódio e usar o comércio como instrumento de coerção”.
Com informações de Gazeta do Povo