Brasília — O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto de anistia em discussão na Câmara dos Deputados, alertou nesta quinta-feira (18/09/2025) que qualquer iniciativa do colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para estimular novas punições comerciais dos Estados Unidos contra o Brasil tende a colocar em risco a tramitação da proposta.
“Se aparecer outra sanção no meio do debate, complica muito”, afirmou Paulinho à GloboNews. Segundo ele, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro “já fez besteira” no passado e, caso volte a defender represálias ao país, “pode tocar fogo no parquinho”.
Pressão nos EUA
Eduardo Bolsonaro mudou-se para os Estados Unidos em março deste ano com o objetivo de articular medidas contra autoridades brasileiras, especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de inquéritos que envolvem Jair Bolsonaro.
Sob a gestão de Donald Trump, Washington impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — iniciativa atribuída às tratativas de Eduardo. O deputado condiciona uma anistia “ampla, geral e irrestrita” à revisão dessas tarifas.
Urgência aprovada
Na noite de quarta-feira (18), o plenário da Câmara aprovou, por 311 votos a 163, o regime de urgência para o projeto. Mais cedo, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), designou Paulinho da Força como relator.
Apesar da pressão de aliados do ex-presidente, Paulinho descartou conceder perdão irrestrito. “Não existe mais anistia ampla, geral e irrestrita. Estamos falando em pacificar o Brasil”, disse, indicando que o foco são as pessoas presas nos atos de 8 de janeiro de 2023 que, em sua avaliação, “não mereciam” estar detidas.
Questionado se Jair Bolsonaro poderia ser beneficiado, o relator respondeu que isso dependerá das negociações entre as bancadas. “Tem muita gente que foi no embalo da multidão. É nelas que devemos pensar”, declarou.
Condenação no STF
No dia 11 de setembro, a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” também foram sentenciados.
As tratativas sobre o texto da anistia devem prosseguir nas próximas semanas, mas Paulinho reiterou que qualquer nova tensão internacional poderá atrasar, ou até inviabilizar, o acordo pretendido.
Com informações de Gazeta do Povo