O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou neste domingo, 14 de setembro de 2025, um artigo de opinião no jornal The New York Times em que critica a decisão do governo de Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e acusa Washington de agir por motivação política.
No texto, Lula afirma que a medida “não tem base econômica”, pois 75% das exportações norte-americanas que entram no Brasil chegam livres de impostos e a tarifa média efetiva aplicada a itens dos Estados Unidos é de 2,7%. Ele acrescenta que oito dos dez principais produtos comprados pelos brasileiros, entre eles petróleo e aeronaves, não pagam qualquer imposto de importação.
“O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas ilógico. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com nosso país”, escreve o presidente.
Pressão sobre Judiciário brasileiro
Lula alega que a Casa Branca utiliza tarifas e a Lei Magnitsky para tentar “buscar impunidade” para o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado na última quinta-feira (11) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Segundo o chefe do Executivo, o julgamento “não foi uma caça às bruxas”, mas o resultado de investigações que teriam revelado planos para assassiná-lo, bem como ao vice-presidente e a um ministro do STF, além de um rascunho de decreto destinado a anular as eleições de 2022.
Críticas a acusações de censura
No artigo, o presidente rebateu acusações do governo norte-americano de que a Justiça brasileira persegue empresas de tecnologia dos EUA. “É desonesto chamar regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraude, desinformação e discurso de ódio”, afirma.
PIX, meio ambiente e apelo ao diálogo
Lula ainda defendeu o sistema de pagamentos instantâneos PIX, criado pelo Banco Central, dizendo que ele promove inclusão financeira. Sobre questões ambientais, declarou que o Brasil reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos.
Ao final do texto, o presidente sinalizou disposição para negociar com Washington, mas estabeleceu limites: “Presidente Trump, continuamos abertos a negociar tudo o que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em negociação”. Para reforçar o ponto, citou discurso de Trump na ONU em 2017 sobre respeito entre nações soberanas.
Com informações de Gazeta do Povo