Varsóvia — A entrada de drones russos no espaço aéreo da Polônia na quarta-feira, 10 de setembro, intensificou o temor de um confronto direto entre a Otan e Moscou e expôs dúvidas sobre a capacidade dos países europeus de enfrentar o Kremlin.
O episódio levou o presidente polonês, Karol Nawrocki, a visitar a 31ª Base Aérea Tática em Poznan-Krzesiny, onde reforçou o compromisso de defesa após o primeiro abate de equipamento russo por um membro da aliança atlântica.
Resposta imediata da Otan
Como parte da missão Air Policing Poland, aeronaves da Alemanha, Itália, Holanda e da própria Polônia foram acionadas para repelir a violação. Berlim anunciou a duplicação do número de caças Eurofighter destacados para a tarefa, passando de dois para quatro, e prorrogou a operação da esquadrilha baseada em Laage, no nordeste alemão, até 31 de dezembro de 2025.
O porta-voz do chanceler alemão Friedrich Merz, Stefan Kornelius, ressaltou em nota que a medida demonstra “o compromisso da Alemanha com a segurança no flanco oriental” da Otan.
Polônia amplia efetivo
Desde o início de 2025, Varsóvia vem reforçando suas forças armadas. Em março, iniciou treinamento militar obrigatório em larga escala para todos os homens adultos, com a meta de elevar o efetivo para 500 mil integrantes, incluindo reservistas — aumento expressivo frente aos cerca de 200 mil militares atuais.
Apelos por mais investimentos
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, classificou a incursão como “parte de um padrão” e afirmou que cada detalhe está sendo analisado. Segundo ele, manter a dissuasão exige maior investimento em defesa e apoio contínuo à Ucrânia. “Devemos proteger cada centímetro de território aliado”, declarou.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, rejeitou a versão russa de que a violação teria sido acidental. “Gostaríamos que fosse um engano, mas não foi”, escreveu na rede social X.
Imagem: Isabella de Paula
Manobras russas e tensão regional
Nesta sexta-feira, 12 de setembro, Rússia e Belarus iniciaram exercícios militares estratégicos em ambos os territórios e nas águas dos mares Báltico e de Barents. Em resposta, a Polônia fechou temporariamente suas fronteiras.
Análises citadas pelo jornal The New York Times indicam que Moscou usa ações simbólicas para testar a disposição da Otan, enquanto a Europa ainda debate seu grau de prontidão, especialmente após a volta de Donald Trump à Casa Branca defendendo menor envolvimento militar dos Estados Unidos.
A opinião pública europeia também demonstra ceticismo em relação à capacidade de seus exércitos, ampliando a pressão por decisões rápidas sobre orçamento e equipamentos de defesa.
Mesmo com reforços recentes, líderes da Otan admitem que o bloco ainda precisa de mais recursos para enfrentar uma eventual escalada com a Rússia.
Com informações de Gazeta do Povo