A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu, nesta quinta-feira (11), não votar os pedidos de quebra dos sigilos bancário e fiscal dos ex-ministros da Previdência Social Carlos Lupi (PDT) e José Carlos Oliveira. A retirada dos requerimentos foi acertada em reunião entre representantes do governo e da oposição antes do início da sessão.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) havia solicitado acesso às movimentações financeiras de Lupi entre janeiro de 2023 e julho de 2025. Para Oliveira, o parlamentar pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal e o envio de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), confirmou o acordo. “Coloco em votação todos os itens pautados, exceto aqueles que estão fora do acordo”, disse. A votação foi simbólica, sem registro nominal dos votos.
Sigilos aprovados
Na mesma sessão, a CPMI autorizou a quebra de sigilo do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador de um esquema que teria desviado mais de R$ 6 bilhões. Também foram aprovadas quebras de sigilo do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e de 89 associações e entidades, entre elas a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), que recebeu R$ 3,6 bilhões em repasses.
Possível reconvocação de Lupi
Carlos Lupi depôs à CPMI na segunda-feira (8). Parlamentares questionam divergências entre esse depoimento e declarações dadas por ele à Câmara dos Deputados, em abril. Entre os pontos citados está sua relação com Tônia Galetti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que alertou sobre descontos suspeitos em benefícios.
Viana afirmou que discutirá com o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), se Lupi será chamado novamente e não descartou uma eventual acareação. O ex-ministro declarou não ver problema em voltar ao colegiado.
Imagem: Jeffers Rudy
Depoimento de José Carlos Oliveira
José Carlos Oliveira, que após converter-se ao islamismo passou a assinar Ahmed Mohamad Oliveira Andrade, prestou depoimento nesta quinta-feira (11). Ele negou conhecimento de descontos indevidos promovidos por associações, embora afirme ter apurado suspeitas envolvendo empréstimos consignados.
Questionado se havia informado o então presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades, respondeu que não existiam “indícios” na época. Oliveira também negou falhas no Acordo de Cooperação Técnica que reabilitou a Abraps (antiga Anaps), entidade investigada na Operação Sem Desconto.
Os próximos depoimentos da CPMI incluem o de Antônio Carlos Camilo Antunes, previsto para 15 de setembro, e o de Maurício Camisotti, CEO do Grupo THG, marcado para 18 de setembro.
Com informações de Gazeta do Povo