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Tagliaferro afirma que grupo de WhatsApp ligava TSE e PF para identificar suspeitos do 8 de Janeiro

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Brasília – O perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse ao Senado que um grupo informal de WhatsApp unia servidores do TSE a agentes da Polícia Federal (PF) para identificar participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023.

Troca de dados biométricos

Segundo Tagliaferro, o grupo, batizado “Atos Antidemocráticos”, permitia que policiais federais enviassem fotos de suspeitos extraídas de câmeras de segurança ou redes sociais. Os servidores do TSE, então, cruzariam essas imagens com o cadastro biométrico de eleitores, que reúne nome, foto e documentos atualizados a cada dois anos.

O ex-assessor relatou que, quando a PF não conseguia identificar rostos cobertos por óculos ou bonés, recorria ao banco do TSE. Ele exibiu rapidamente o grupo em seu celular durante audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, realizada na semana passada.

Denúncias adicionais

Na mesma sessão de mais de oito horas, Tagliaferro acusou Moraes de fraudes processuais, contato indevido com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e conluio com ativistas universitários. Também afirmou que relatórios produzidos por sua equipe eram usados para embasar prisões ligadas ao 8 de janeiro.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou laudo de peritos segundo o qual Moraes teria anexado documento com data retroativa para justificar operação da PF. No dia 9, Tagliaferro publicou vídeo nas redes sociais mostrando conversa atribuída ao ministro sobre procedimentos fora dos trâmites formais.

Situação do delator

Tagliaferro, que vive na Itália e se define em “autoexílio”, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto vazamento de dados do TSE. Ele responde por violação de sigilo funcional, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, coação no curso do processo e obstrução de investigações, delitos que podem somar até 22 anos de prisão.

Repercussão no Parlamento

Parlamentares questionaram a legalidade do compartilhamento do banco de eleitores para fins penais e anunciaram pedidos de informação ao TSE e à PF. Peritos do Senado recomendaram manter em sigilo os documentos entregues por Tagliaferro por integrarem inquéritos sigilosos do STF. A decisão sobre a divulgação do material ficou para a próxima semana.

Os senadores também estudam encaminhar as denúncias a órgãos como STF, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de articular eventual CPI apelidada de “Vaza Toga”.

Silêncio dos citados

Procurados, TSE e Polícia Federal não haviam se manifestado até a publicação desta reportagem.

Com informações de Gazeta do Povo