Defensores da liberdade religiosa acusam uma milícia fulani de manter centenas de cristãos acorrentados em campos de sequestro dentro de uma floresta próxima à vila de Rijana, no estado de Kaduna, noroeste da Nigéria. O alerta foi feito durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, no Capitólio dos Estados Unidos.
De acordo com Douglas Burton, ex-funcionário do Departamento de Estado norte-americano e editor sênior do portal Truth Nigeria, aproximadamente 500 a 600 pessoas permanecem em cativeiro na região desde dezembro do ano passado. “Milhares já passaram por esses campos e muitos foram mortos”, afirmou.
Relatos de tortura e execução
Sobreviventes entrevistados pela Truth Nigeria relataram falta de alimentação, espancamentos e execuções sumárias quando as famílias não conseguem pagar resgates. Uma das vítimas, identificada como Esther, contou ter sido sequestrada em junho de 2025, junto com a filha de 10 meses, na vila de Gaude. Levadas para o enclave de Rijana, elas ficaram proibidas de fazer orações cristãs e presenciaram a morte de dois reféns cujos parentes não reuniram o dinheiro exigido. Esther foi libertada em 27 de agosto.
Críticas ao governo nigeriano
Líderes religiosos e representantes de organizações sem fins lucrativos, como Judd Saul, diretor executivo da Equipping The Persecuted, acusam o governo nigeriano de não proteger cristãos — e também alguns muçulmanos — dos ataques fulani. Eles alegam que autoridades ignoram relatórios de inteligência que alertam sobre operações terroristas na floresta de Rijana e, em alguns casos, subornam jornalistas para encobrir a crise.
Em fevereiro, o conselheiro de segurança nacional da Nigéria declarou ter resgatado cerca de 50 reféns na mesma região. Burton contesta a informação, afirmando que os supostos libertados não foram disponibilizados para entrevista, o que impossibilita confirmar a ação governamental.
Imagem: tas Abertas
Mais de mil reféns, segundo ONGs
Saul estimou que mais de mil cristãos seguem detidos para pagamento de resgate. “Estão sendo torturados, passando fome e mortos diariamente quando o dinheiro não chega”, declarou. Ele rejeitou explicações que atribuem o conflito a mudanças climáticas ou disputas entre agricultores e pastores, classificando os ataques como “jihad em tempo real”.
Pressão internacional
Os participantes da coletiva pediram que o Departamento de Estado dos EUA volte a incluir a Nigéria na lista de Países de Preocupação Especial — da qual o país foi retirado em 2021 — e defendem responsabilização financeira de patrocinadores de grupos extremistas.
Com informações de Folha Gospel