A Human Rights Watch (HRW) solicitou nesta quinta-feira (4) a abertura de investigações por crimes de guerra contra o Irã, após identificar ao menos cinco ataques com mísseis balísticos que atingiram áreas civis de Israel durante o conflito de 12 dias travado em junho entre os dois países.
Ataques sem alvo militar evidente
Segundo a diretora de crise, conflito e armas da HRW, Ida Sawyer, poucos projéteis iranianos conseguiram ultrapassar as defesas israelenses, mas os que chegaram ao território israelense caíram em zonas povoadas onde não havia objetivos militares claros. A organização classificou esses disparos como “indiscriminados” e, portanto, proibidos pelas leis de guerra.
Levantamento da HRW aponta que, em cinco ocasiões, os mísseis atingiram residências distantes entre 1,5 e 9 quilômetros de instalações militares israelenses. Um dos projéteis alcançou o Centro Médico Soroka, em Beersheba, no sul do país, ferindo pacientes e profissionais de saúde. A HRW também ressaltou que Teerã não emitiu alertas específicos antes dos lançamentos.
Vítimas e enquadramento legal
Dados das autoridades israelenses indicam que 31 israelenses morreram no confronto — 30 eram civis. Para a HRW, o embate se enquadra como conflito armado internacional, no qual é vedado atacar civis ou bens de caráter civil ou lançar ações que provoquem danos desproporcionais à população.
Resposta israelense e denúncias anteriores
No mesmo conflito, a aviação israelense — que iniciou a ofensiva — bombardeara alvos militares, nucleares e civis no Irã, deixando mais de mil mortos, entre eles dezenas de altos comandantes e cientistas nucleares. Ataques israelenses em território iraniano já haviam sido qualificados pela HRW como crimes de guerra.

Imagem: Magda Gibelli
Silêncio dos governos e prisões em massa
A ONG informou ter solicitado informações aos governos de Irã e Israel sobre os episódios, mas não recebeu respostas. Após o cessar-fogo, Teerã desencadeou uma série de detenções em seu território, contabilizando mais de 20 mil prisões de suspeitos de colaborar com Israel, também denunciadas pela entidade.
Com informações de Gazeta do Povo