O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi afastado do cargo nesta quarta-feira (3) por determinação do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida integra a operação Fames-19, conduzida pela Polícia Federal, que investiga o desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
A ação mobiliza 51 mandados de busca e apreensão em imóveis oficiais e particulares de Palmas, incluindo o Palácio Araguaia e a Assembleia Legislativa. Ordens judiciais também são cumpridas em Araguaína (TO), Imperatriz (MA), Distrito Federal e João Pessoa (PB).
Indícios de fraude superior a R$ 70 milhões
Segundo a PF, mais de R$ 70 milhões teriam sido desviados entre 2020 e 2021, período em que o estado utilizou verbas próprias e emendas parlamentares para adquirir cestas básicas e frangos congelados. Os investigadores afirmam que parte dos produtos não foi entregue à população.
Dados da corporação mostram que o governo desembolsou R$ 97 milhões nesses contratos, firmados sem licitação graças a um decreto de emergência sanitária. Há indícios de que o dinheiro desviado foi aplicado em imóveis de alto padrão, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
Fase anterior e origem do inquérito
Barbosa já havia sido alvo em agosto de 2024, quando a primeira-dama, dois filhos, políticos e empresários também foram investigados. A apuração teve início na Polícia Civil, que em 2022 deflagrou a operação Phoenix e estimou prejuízo de R$ 4,9 milhões aos cofres estaduais.
Relatórios oficiais indicam que empresas contratadas pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) não possuíam estrutura para cumprir os acordos, mas receberam integralmente pelos serviços.

Imagem: Thars Lopes
Gestão anterior sob suspeita
Os contratos investigados foram assinados no governo de Mauro Carlesse (Agir), afastado em outubro de 2021 por outro processo no STJ. Na época, Barbosa era vice-governador e assumiu o Executivo estadual pouco depois.
Até o momento, o governador afastado não comentou a operação. A reportagem solicitou posicionamento ao governo do Tocantins e aguarda resposta.
Com informações de Gazeta do Povo