O Centro Nacional de Exploração Sexual (NCOSE), organização dos Estados Unidos que atua na proteção de crianças na internet, solicitou ao Spotify que interrompa ou desative o novo recurso de mensagens diretas lançado pela plataforma. Segundo a entidade, a ferramenta pode facilitar o aliciamento e o abuso de menores.
Recurso anunciado na semana passada
O Spotify divulgou na última semana o “Mensagens”, espaço gratuito para assinantes premium com 16 anos ou mais compartilharem músicas, podcasts, audiolivros e outros conteúdos em conversas individuais.
Em nota enviada ao The Christian Post, Haley McNamara, diretora executiva do NCOSE, afirmou que “mensagens diretas são o principal meio usado por predadores para contatar adolescentes” e criticou o histórico da empresa, que levou oito anos para lançar controles parentais básicos.
Preocupação com adolescentes de 16 e 17 anos
O NCOSE incluiu o Spotify na lista “Doze Sujos” de 2024, que menciona empresas consideradas falhas na proteção de crianças contra exploração. O grupo afirma ter encontrado na plataforma solicitações e compartilhamento de pornografia hardcore, deepfakes, imagens de automutilação e conteúdo que aparenta ser abuso sexual infantil.
McNamara alertou que permitir o acesso de jovens de 16 e 17 anos às mensagens diretas pode transformar o Spotify em “ponto crítico para exploração sexual infantil”. Ela defende idade mínima de 18 anos com verificação rigorosa.
Resposta do Spotify
Questionada pelo veículo norte-americano, a empresa informou que iniciou este ano um processo de verificação de idade para liberar recursos restritos, incluindo o Mensagens. A plataforma afirma ter consultado seu Conselho Consultivo de Segurança, composto por especialistas internacionais em proteção infantil.
De acordo com o Spotify, só é possível iniciar conversa com usuários que já trocaram conteúdo anteriormente. O destinatário pode aceitar ou rejeitar a mensagem, bloquear contatos, denunciar textos, arquivos ou perfis e desativar o recurso.

Imagem: Reprodução
A companhia declarou ainda que realiza monitoramento para identificar materiais de abuso sexual infantil e analisa o conteúdo sempre que recebe uma denúncia de violação dos Termos de Uso.
NCOSE quer mais transparência
Apesar de considerar “promissoras” as declarações da plataforma, McNamara disse que as verificações de idade estão em teste apenas em mercados selecionados para maiores de 18 anos e não há evidência pública de restrições específicas para as mensagens diretas.
Ela citou dados da Internet Watch Foundation, publicados em março de 2024, segundo os quais três a cada cinco casos de extorsão sexual envolvem jovens de 16 e 17 anos. Para a diretora, permitir que menores simplesmente recusem mensagens “não é política de proteção infantil”.
“Se o Spotify exigir verificação de idade robusta e fixar a idade mínima em 18 anos, será um avanço significativo e nós aplaudiríamos”, concluiu.
Com informações de Folha Gospel