O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta segunda-feira (1º) que não conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a possibilidade de cassar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A declaração de Motta, feita durante evento em Recife, diverge da fala de Lula na última sexta-feira (29), quando o chefe do Executivo disse ter solicitado a parlamentares, inclusive ao presidente da Câmara, a cassação do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Lula classificou Eduardo como “o maior traidor da história” do país.
“Todas as vezes em que nos encontramos tratamos de diversos assuntos de interesse nacional, mas esse especificamente não foi debatido”, afirmou Motta. “Quando o presidente da Câmara se reúne com o presidente da República, existem outras pautas muito mais importantes a serem discutidas.”
Projeto de anistia e trâmite de denúncias
Motta também comentou que o projeto de lei de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 “está sobre a mesa” e será apreciado “no momento certo”. O tema ganha destaque enquanto o ex-presidente Bolsonaro responde a julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado.
No mesmo dia em que Lula cobrou a cassação, Eduardo Bolsonaro enviou ofício à Presidência da Câmara pedindo autorização para trabalhar de forma remota. O deputado, que permanece nos Estados Unidos, alegou perseguição política para justificar a estadia fora do país.

Imagem: Ricardo Stuckert
Em 15 de agosto, Motta encaminhou quatro representações contra Eduardo ao Conselho de Ética, dando sequência ao rito regimental. “Não posso concordar com a postura de um parlamentar que, estando fora do Brasil, atua para que medidas prejudiquem a economia nacional”, declarou o presidente da Câmara, referindo-se ao apoio de Eduardo ao aumento de tarifas comerciais anunciado pelo então presidente norte-americano Donald Trump.
Eduardo Bolsonaro e o pai foram indiciados no mês passado por suspeita de obstrução de processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Em manifestação à Mesa Diretora, o deputado classificou o indiciamento como “indevido” e resultante da “atividade parlamentar legítima” exercida no exterior.
Com informações de Gazeta do Povo