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Relatório denuncia crescimento de crimes de ódio e repressão estatal contra cristãos na Turquia

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Ankara – O Relatório de Violações dos Direitos Humanos de 2024, elaborado pela Associação de Igrejas Protestantes, indica aumento de crimes de ódio e de restrições governamentais contra cristãos na Turquia.

Discurso e ataques físicos

Segundo o documento, houve ampliação do discurso de ódio – escrito e oral – direcionado a fiéis e instituições protestantes. O texto registra que indivíduos ou comunidades cristãs tornaram-se alvo unicamente por causa da fé.

Entre os casos relatados, destacam-se:

  • 31 de dezembro de 2024 – um homem disparou contra o prédio da Associação Igreja da Salvação em Çekmeköy, tentou remover placas e afirmou: “Não permitiremos lavagem cerebral em nossa juventude muçulmana”.
  • 20 de janeiro de 2024 – tiros atingiram o edifício da Igreja da Salvação de Eskişehir; a polícia não recolheu cartuchos nem registrou ocorrência.
  • 12 de março – um Novo Testamento parcialmente queimado foi deixado na porta de uma igreja em Kuşadası.
  • 2 de julho – desconhecidos atacaram a lavanderia e o centro de distribuição de alimentos da Igreja de Kayseri.
  • 28 de julho – tentativa de arrombamento e dano à placa da Igreja da Graça de Bahçelievler.
  • 28 de novembro – fiéis da Igreja da Salvação de İzmir Karşıyaka foram insultados; agressores perguntaram: “Por que os moradores locais não matam vocês?”.

Perda de emprego e pressões cotidianas

Uma professora de inglês cristã, demitida em 9 de dezembro de 2024 de uma escola ligada ao Conselho de Educação de Malatya, recebeu alerta para “tomar cuidado com as associações que frequenta”. O recurso apresentado ao conselho foi negado e ela optou por não processar a instituição temendo impactos sobre a irmã, servidora pública.

Fiéis da Igreja da Salvação do Mar Negro Oriental relataram assédio no trabalho, impedimento de evangelização em cafés e imposição de identidade religiosa a crianças em escolas públicas.

Tentativas de fechamento e recusa de aluguel

Em Lüleburgaz, autoridades moveram ação para encerrar o escritório local da Associação das Igrejas da Salvação, levando ao encerramento voluntário da unidade. Já em Kütahya, proprietários se recusaram a alugar imóveis para a Igreja de Kütahya; um corretor declarou: “Sou muçulmano. A existência de vocês é uma ameaça”.

Suborno e vigilância

O relatório afirma que policiais tentaram subornar dois membros da Igreja de Malatya para atuarem como informantes, oferecendo “grande quantia em dinheiro” e alegando preocupação com a segurança.

Insultos nas redes sociais

Há registro de campanhas virtuais com ofensas e ameaças. Em 29 de dezembro, após celebração de Natal, o pastor da Igreja de Suruç foi alvo de mensagem que pedia ação imediata das autoridades contra ele.

Restrição a estrangeiros

Entre 2019 e 2024, 132 cristãos estrangeiros receberam códigos N-82 (proibição de entrada) ou G-87 (negação de visto de residência). Em 8 de junho, o Tribunal Constitucional manteve o código N-82 para nove cristãos; seus nomes divulgados geraram chamadas em redes sociais por pena de morte.

Situação das congregações

A Turquia abriga 214 congregações protestantes, 152 com algum status legal. As demais funcionam sem reconhecimento estatal, enfrentando dificuldades para alugar espaços, pagar aluguéis elevados, obter isenções fiscais e enterrar seus mortos. A falta de autorização para formar clérigos no país obriga igrejas a enviar estudantes ao exterior ou recorrer a líderes estrangeiros, muitos deles afetados pelas proibições de entrada.

O relatório conclui recomendando treinamento sobre liberdade religiosa a servidores públicos e o fim das restrições impostas a protestantes estrangeiros.

Com informações de Folha Gospel