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Xi defende mundo multipolar na Organização de Cooperação de Xangai e tenta aproximar Rússia e Índia frente aos EUA

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Tianjin (China) — O presidente chinês Xi Jinping afirmou nesta segunda-feira (1º) que os países da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) devem servir de “pilar” para a construção de uma ordem internacional multipolar, em contraposição à liderança dos Estados Unidos.

A declaração ocorreu durante a cúpula anual do bloco, aberta no domingo (31) em Tianjin, cidade portuária no norte da China. O encontro reúne cerca de 20 chefes de Estado e de governo, entre eles o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Rejeição à “mentalidade de Guerra Fria”

Diante dos líderes presentes, Xi pediu integração entre os membros, condenou “políticas de poder” e instou o grupo a rejeitar o que chamou de “mentalidade de Guerra Fria, confronto de blocos e práticas de intimidação”. O discurso foi interpretado como recado direto à administração do presidente norte-americano Donald Trump.

Proposta de banco de desenvolvimento

Durante a reunião, o líder chinês sugeriu a criação de um banco de desenvolvimento da SCO e anunciou a oferta de US$ 1,4 bilhão em empréstimos ao longo dos próximos três anos. Segundo a imprensa estatal, Pequim já destinou cerca de US$ 84 bilhões aos países do bloco.

Expansão do grupo

Fundada em 2001 por China e Rússia, a SCO conta atualmente com dez membros plenos — entre eles Índia, Irã, Paquistão e Belarus — além de 16 observadores e parceiros de diálogo.

Tensões comerciais com Washington

O pano de fundo da cúpula é a escalada tarifária imposta pelos Estados Unidos. No mês passado, Trump elevou para 50% as taxas sobre produtos indianos, reação à decisão de Nova Délhi de continuar comprando petróleo russo mais barato, considerado pelo governo norte-americano um meio de financiar a guerra na Ucrânia.

A pressão econômica aproximou Modi de Xi e Putin, apesar das disputas fronteiriças históricas entre China e Índia. Analistas ouvidos pelo Politico veem a presença do premier indiano em Tianjin como possível ponto de inflexão na política externa do país asiático.

Postura de Moscou

Para Vladimir Putin, a reunião oferece palco para demonstrar que Moscou não está isolada, apesar das sanções decorrentes da invasão da Ucrânia. Antes de viajar, o presidente russo declarou que Rússia e China “compartilham posição comum contra sanções discriminatórias” que prejudicam o desenvolvimento dos membros do BRICS e de outros países.

Desfile militar em Pequim

Após a cúpula, diversos líderes permanecerão na China para o desfile militar marcado para quarta-feira (3), em Pequim, que celebrará os 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial no Pacífico. São esperados, além de Xi e Putin, o líder norte-coreano Kim Jong-un, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, e o presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, entre outros governantes.

Encerrada a rodada de discursos, a SCO prossegue com reuniões técnicas e bilaterais até terça-feira (2), quando será divulgada a declaração final do encontro.

Com informações de Gazeta do Povo