Brasília, 23 ago. 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (23) que o governo dos Estados Unidos passou a adotar uma “atitude hostil” em relação ao Brasil, influenciado, segundo ele, por grupos da direita nacional interessados em proteger investigados por tentativa de golpe.
As declarações ocorreram durante conferência do PT na capital federal, que contou também com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O encontro tratou das negociações iniciadas após Washington impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano.
“Essa atitude hostil nos surpreendeu pela ação de grupos de extrema-direita brasileiros que, de patrióticos, não têm absolutamente nada”, disse Haddad, mencionando trocas de mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF). “O único objetivo é livrar a cara dos golpistas”, completou.
Negociação interrompida
O ministro relatou que as conversas prévias com autoridades norte-americanas avançavam de forma positiva até a mudança de postura dos Estados Unidos. Ele defendeu que o Brasil não abrirá mão de sua soberania “sem bravata, mas com dignidade”.
Haddad contou ter tido cancelada uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Dias depois, Bessent apareceu em foto ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do jornalista Paulo Figueiredo.
Alckmin, responsável direto pelas tratativas comerciais, relatou que tenta, sem sucesso há semanas, contatar seu homólogo norte-americano, o secretário de Comércio Howard Lutnick. “Por enquanto, tudo segue apenas no nível técnico”, comentou.
Imagem: André Borges via gazetadopovo.com.br
Indiciamentos e repercussões
Nesta semana, a PF indiciou Eduardo Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por supostamente articularem sanções contra o Brasil para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga possível tentativa de golpe após as eleições de 2022. A investigação aponta que o movimento ocorreu mesmo com restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, como limite de uso de redes sociais e comunicação entre os envolvidos.
Moraes exigiu explicações da defesa do ex-presidente, que negou as acusações. O ministro enviou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem prazo até segunda-feira (25) para se manifestar sobre a manutenção da prisão domiciliar ou a conversão para preventiva em regime fechado, antes do julgamento marcado para 2 de setembro.
Com informações de Gazeta do Povo