O ex-presidente Michel Temer (MDB) recomendou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefone para Donald Trump com a imprensa acompanhando a chamada para demonstrar que o governo brasileiro tentou negociar o tarifaço de 50% aplicado aos produtos do país vendidos aos Estados Unidos.
A sugestão foi feita na quinta-feira, 21 de agosto de 2025, durante entrevista ao portal UOL. Segundo Temer, a iniciativa serviria para evidenciar ao público que o Planalto está empenhado em retomar o diálogo bilateral, interrompido nos níveis mais altos do governo norte-americano depois que secretários do Tesouro e do Comércio dos EUA suspenderam contatos. No momento, apenas técnicos de ambos os países continuam conversando.
“Se eu fosse ele, chamaria toda a imprensa, ficaria na sala ao lado e faria a ligação. Acredito que o Trump atenderia. Se não atendesse, ele sairia e diria: ‘tentei e amanhã vou tentar de novo’”, declarou Temer.
Relação com Washington
Para o ex-presidente, Lula deve afastar considerações eleitorais e priorizar o interesse nacional ao buscar uma solução para o impasse comercial. “O interesse agora não deve ser eleitoreiro. É preciso manter boas relações”, afirmou.
Temer ainda sugeriu que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), façam contato com seus pares no Congresso norte-americano a fim de relatar as dificuldades enfrentadas pelos Poderes Executivos dos dois países. “Quem governa o país não é só o Executivo, mas também o Legislativo”, lembrou.
Cenário eleitoral de 2026
Na mesma entrevista, Temer avaliou que, apesar do “prestígio” de Lula e da popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o quadro eleitoral de 2026 permanece indefinido. Ele destacou que algumas legendas com cargos no governo sinalizam não apoiar automaticamente uma eventual candidatura do petista.
Imagem: Antônio Cruz via gazetadopovo.com.br
Temer mencionou a busca por um nome moderado e advertiu que a fragmentação da direita pode prejudicar o eleitor. Citou, como exemplo, o governador paraense Helder Barbalho (MDB) entre os políticos considerados “modernos” que podem entrar na disputa.
O ex-presidente também observou que as investigações que envolvem Bolsonaro devem pesar no pleito, mas ressaltou a influência que o ex-mandatário ainda exerce sobre eleitores e aliados.
Com informações de Gazeta do Povo
