Os bolivianos vão às urnas neste domingo, 17 de agosto, para o primeiro turno da eleição presidencial que pode pôr fim ao ciclo quase ininterrupto de poder do Movimento ao Socialismo (MAS), iniciado em 2006. Levantamentos de opinião indicam que dois nomes da oposição — o empresário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002) — lideram a corrida e devem se enfrentar em um segundo turno marcado para 19 de outubro.
Desde 2006, o MAS só deixou o Palácio Quemado por um ano, durante o governo interino de Jeanine Áñez (2019-2020). Agora, o partido chega dividido às urnas. O presidente Luis Arce e o ex-presidente Evo Morales transformaram-se em rivais na disputa interna pela candidatura de 2025, protagonizando ações judiciais, denúncias de traição e até acusações de tentativa de assassinato. O conflito culminou em uma mobilização militar ainda não esclarecida, em junho de 2024, que setores ligados a Morales e a direita classificaram como suposto “autogolpe” de Arce.
Morales foi impedido de concorrer após o Tribunal Constitucional confirmar o limite de dois mandatos presidenciais. Arce, mal posicionado nas sondagens, anunciou em maio que não buscaria a reeleição. O MAS lançou então o ex-ministro Eduardo del Castillo, que aparece com cerca de 2% das intenções de voto.
A oposição também enfrenta divisões. No fim de 2024, Quiroga e Medina tentaram construir uma candidatura única contra o MAS, mas divergências inviabilizaram o plano. Será a quarta tentativa de Medina chegar à Presidência — ele foi derrotado em 2005, 2009 e 2014.
Crise econômica domina agenda
Artigo do jornalista boliviano Raúl Peñaranda, publicado na revista Americas Quarterly, aponta que a inédita liderança de dois candidatos de direita reflete o desgaste do MAS diante da crise econômica. Pesquisas mostram que, para a maioria da população, as preocupações financeiras superam as questões políticas em meio à falta de dólares, escassez de combustível e inflação em alta.
Imagem: Luis Gandarillas via gazetadopovo.com.br
Protestos quase diários e bloqueios de estradas no interior agravam o cenário. Especialistas ouvidos pelas pesquisas alertam que, qualquer que seja o vencedor, o próximo governo terá de adotar reformas impopulares para estabilizar a economia.
Com informações de Gazeta do Povo
