O sistema internacional de mensagens financeiras Swift sinalizou que pode não cumprir uma eventual ordem do ex-presidente norte-americano Donald Trump para suspender o Brasil da rede, caso novas sanções sejam impostas ao país.
A posição foi apresentada na quinta-feira (12) pelo chefe global de Assuntos Corporativos do Swift, Hayden Allan, durante reunião em Brasília com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. O encontro ocorreu em meio ao temor de que Washington amplie punições econômicas à medida que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado.
Swift responde a preocupações do governo brasileiro
Segundo Durigan, Allan explicou que o Swift — sediado na Bélgica — segue o marco legal europeu e “não está sujeito a sanções arbitrárias de países específicos”. A exclusão de um país do sistema, portanto, dependeria de determinação das autoridades europeias, e não de ato unilateral do governo dos Estados Unidos.
O secretário destacou ainda que o representante do Swift afirmou que a rede processa transações em “múltiplas moedas”, não apenas em dólares, e vem ampliando a participação de países emergentes em seu conselho de administração — pontos que coincidem com a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por maior uso de moedas locais no comércio exterior.
Rede conecta 11,5 mil bancos
O Swift reúne cerca de 11,5 mil instituições financeiras em mais de 200 países e territórios. A suspensão de um participante pode paralisar pagamentos internacionais e foi aplicada contra a Rússia após a invasão à Ucrânia, em 2022.

Imagem: José Cruz via gazetadopovo.com.br
Lei Magnitsky e possíveis reflexos internos
A conversa com o Swift ocorre enquanto se discute no Brasil o alcance da Lei Magnitsky, usada pelos Estados Unidos para sancionar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no mês passado. Embora os bancos afetados tenham sede no Brasil, parte das operações passa pela rede internacional, o que poderia expô-los a novas ordens executivas de Trump.
Durante a reunião, Durigan reiterou a Allan que o Brasil é “soberano, democrático e autônomo”, defende o multilateralismo e exige reciprocidade no relacionamento externo.
Com informações de Gazeta do Povo