O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), classificou como “eugenia” a determinação do presidente norte-americano Donald Trump para remover imediatamente pessoas em situação de rua de Washington. A declaração do parlamentar foi publicada nesta segunda-feira, 11 de agosto de 2025, em rede social.
Guimarães afirmou que a iniciativa de Trump, que prevê abrigar os sem-teto fora da capital, representa “uma das faces mais cruéis do nazismo”. Ele citou levantamento que aponta a existência de mais de 46 milhões de norte-americanos vivendo abaixo da linha da pobreza e disse que o republicano trata moradores de rua como “indesejáveis”.
Segundo o deputado, durante as gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 24 milhões de brasileiros saíram da vulnerabilidade alimentar. “Trump deveria aprender com Lula a dar dignidade a essas pessoas”, escreveu.
Medidas em Washington
No domingo, 10, Trump anunciou ações para endurecer o combate à criminalidade na capital norte-americana, como o retorno de infratores à prisão, prometendo divulgar detalhes adicionais nesta segunda-feira. Imagens de acampamentos e lixo nas ruas foram publicadas por ele na plataforma Truth Social.
Desde janeiro, o presidente avalia assumir o controle federal de Washington. A mudança depende de aval do Congresso, pois, atualmente, sua autoridade direta se limita a áreas e prédios federais.
Dados da organização Community Partnership indicam que quase 3,8 mil pessoas vivem em situação de rua na cidade, cerca de 800 delas em espaços públicos. Relatório do Departamento de Habitação dos EUA colocou Washington, em 2024, na 15ª posição entre as maiores cidades do país em número absoluto de sem-teto.

Imagem: Ricardo Stuckert via revistaoeste.com
A prefeita Muriel Bowser contestou a narrativa de aumento da criminalidade. De acordo com ela, entre janeiro e julho de 2025, os crimes violentos recuaram 26% e a criminalidade geral caiu 7% em comparação com o mesmo período de 2024.
Tensão diplomática
As declarações de Guimarães ocorrem em meio a atritos entre Brasil e Estados Unidos. Em 6 de agosto, Lula afirmou que não pretende telefonar para Trump para discutir a tarifa de 50% imposta por Washington a produtos brasileiros. O presidente brasileiro disse que só fará contato quando acreditar que o norte-americano “está pronto para conversar”.
Lula também destacou a aproximação do Brasil com parceiros do Brics, como China e Rússia, e criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem atribuiu respaldo às tarifas norte-americanas.
Com informações de Revista Oeste