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EUA articulam lei para investigar investimentos chineses no agronegócio brasileiro

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O Congresso dos Estados Unidos discute um projeto de lei que determina uma investigação sobre a participação da China no setor agrícola brasileiro. A medida faz parte do Intelligence Authorization Act para o ano fiscal de 2026, cuja vigência, para o governo norte-americano, começa em 1.º de outubro de 2025.

A iniciativa aparece na seção 514 do texto, dedicada à China, e foi apresentada em 17 de julho pelo senador republicano Tom Cotton, do Arkansas. No mesmo dia, o projeto recebeu aval da Comissão de Inteligência do Senado e seguiu para votação em plenário. Caso seja aprovado, passará pela Câmara dos Representantes antes de chegar à sanção do presidente Donald Trump. O objetivo é concluir a tramitação em menos de dois meses, a fim de que a lei entre em vigor antes do início do próximo ano fiscal.

Escopo da investigação

Pelo texto, a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, terá até 60 dias após a promulgação da lei para avaliar o alcance dos investimentos chineses no agronegócio brasileiro. A análise deve ser feita em conjunto com o secretário de Estado, Marco Rubio, e a secretária de Agricultura, Brooke Rollins.

Entre os pontos a serem examinados estão:

  • a participação do presidente Xi Jinping em negociações com autoridades brasileiras sobre o setor;
  • o nível de envolvimento do governo chinês na agropecuária do Brasil;
  • as intenções estratégicas de Pequim nesses investimentos;
  • o número de empresas sediadas ou controladas pela China que atuam no campo brasileiro, inclusive joint ventures com companhias nacionais;
  • impactos sobre cadeias de suprimentos, mercado global e segurança alimentar decorrentes desse engajamento.

O projeto determina ainda que, até 90 dias após a entrada em vigor da lei, Gabbard envie às comissões de inteligência do Congresso um relatório detalhado dos resultados. O documento deverá ser público, mas poderá conter anexo sigiloso.

Contexto de tensão bilateral

É a primeira vez que o Brasil é citado em um projeto de orçamento de inteligência dos EUA. A movimentação acontece em meio a um período de atrito entre Brasília e Washington. Na semana anterior, o governo Trump confirmou tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros e aplicou sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

EUA articulam lei para investigar investimentos chineses no agronegócio brasileiro - Imagem do artigo original

Imagem: Ricardo Stuckert via gazetadopovo.com.br

Paralelamente, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) abriu investigação contra o Brasil que abrange temas como Pix, pirataria na Rua 25 de Março, desmatamento e tarifas preferenciais.

Relação Brasil–China

A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em novembro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Xi Jinping no Palácio da Alvorada para a assinatura de 37 acordos, incluindo a abertura de quatro novos mercados agrícolas.

Além de Brasil e China, o projeto americano menciona Rússia, Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Cuba.

Com informações de Gazeta do Povo