O Ministério das Relações Exteriores convocou na manhã desta sexta-feira, 8 de agosto de 2025, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre uma publicação nas redes sociais que fez alertas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta é a terceira vez que Escobar é chamado ao Itamaraty por causa de mensagens divulgadas pela representação diplomática norte-americana. Segundo apurações divulgadas por veículos de imprensa e confirmadas por fontes diplomáticas, o diplomata foi recebido pelo embaixador Flavio Goldman, que responde interinamente pela Secretaria de Europa e América do Norte, e ouviu um protesto formal por parte do governo brasileiro.
De acordo com relatos, o Itamaraty considerou o teor das postagens do Departamento de Estado e da própria embaixada uma ingerência em assuntos internos e um ataque à soberania nacional, “em vez de negociar tarifas”.
Postagem contra aliados de Moraes
A convocação ocorreu um dia depois de Escobar ter se reunido com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tratar do aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Na quinta-feira, 7, o subsecretário de Estado para Diplomacia Pública e Assuntos Públicos, Darren Beattie, compartilhou mensagem na qual ameaça a adoção de medidas contra aliados do ministro Alexandre de Moraes. O texto menciona sanções já aplicadas a Moraes pela Lei Magnitsky — atribuídas ao presidente Donald Trump — por supostas violações de direitos humanos em processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores.
A publicação descreve Moraes como “principal arquiteto da censura e perseguição” contra Bolsonaro e reforça que Washington está “monitorando a situação de perto”.

Imagem: Georgi Licovski via gazetadopovo.com.br
Antecedentes das tensões
Em 18 de julho, o Departamento de Estado anunciou a revogação dos vistos de Moraes, de alguns colegas do STF e de familiares, impedindo-os de ingressar nos Estados Unidos.
As críticas se intensificaram após Moraes determinar, em 4 de agosto, a prisão domiciliar de Bolsonaro. No mesmo dia, o Bureau of Western Hemisphere Affairs criticou a decisão, acusando o ministro de “usar as instituições do Brasil para silenciar a oposição e ameaçar a democracia” e prometendo responsabilizar quem colaborasse com atos considerados sancionáveis.
Até o momento, não há informações sobre eventuais contramedidas adotadas pelo governo brasileiro além das convocações diplomáticas.
Com informações de Gazeta do Povo