A crescente instalação de data centers no Paraguai colocou a usina hidrelétrica de Itaipu na mira de um novo investimento: a construção de duas turbinas adicionais para reforçar a oferta de energia ao lado paraguaio.
Demanda em alta
Em abril de 2025, a mineradora canadense Hive Digital inaugurou um data center em Yguazú. A estrutura passa por expansão e contará com outra unidade em Valenzuela até o fim do ano, ambas voltadas à mineração de Bitcoin. Outras empresas estrangeiras também demonstram interesse na energia produzida pela hidrelétrica binacional. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, declarou que pretende utilizar o excedente paraguaio de Itaipu para abastecer centros de dados de inteligência artificial.
O próprio governo paraguaio planeja investir US$ 19,4 milhões em um centro de armazenamento de informações públicas. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda global de eletricidade por data centers deve dobrar até 2030, alcançando cerca de 945 TWh — volume equivalente ao consumo atual do Japão.
Pressão sobre Itaipu
De acordo com projeções da Administradora Nacional de Eletricidade (Ande), o Paraguai poderá consumir toda a energia gerada por Itaipu até 2035. Em 2024, os paraguaios utilizaram 31% da produção, enquanto o Brasil ficou com 69%, apesar de o tratado binacional prever divisão igualitária. O excedente paraguaio é atualmente vendido ao mercado brasileiro.
Planos para novas turbinas
A usina dispõe hoje de 20 unidades geradoras de 700 megawatts (MW), totalizando 14 mil MW de potência instalada. Há espaço físico para duas turbinas extras, possibilidade considerada “inevitável” pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, em encontro com jornalistas em julho.
Apesar da declaração, a binacional informou que não existem estudos técnicos, sociais ou ambientais em andamento nem prazo definido para o projeto. O alto custo exigiria financiamento de organismos como o Banco Mundial ou o BNDES, em comum acordo com o Paraguai.
Imagem: Alexandre Marchetti via gazetadopovo.com.br
Repotenciação em análise
Enquanto a decisão sobre novas turbinas não avança, Itaipu avalia aumentar a potência das unidades existentes. No início de 2025, o Conselho de Administração autorizou a contratação de consultoria para estudar a repotenciação das máquinas, medida que poderia elevar a geração sem alterar o volume de água. Esse trabalho está em fase inicial.
As discussões sobre expansão visam garantir que a usina acompanhe o ritmo de consumo impulsionado pelos data centers, evitando escassez de energia para o Paraguai na próxima década.
Com informações de Gazeta do Povo
