As manifestações realizadas neste domingo, 3 de agosto de 2025, em diversas capitais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contaram com apenas um nome apontado para a disputa presidencial de 2026: Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama escolheu Belém (PA) para discursar, alegando compromissos já agendados no estado.
Nos atos, o pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), questionou a ausência dos governadores vistos como possíveis candidatos de direita. “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro?”, indagou, na avenida Paulista, em São Paulo.
Governadores ausentes
Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) não compareceram. Em abril, o quarteto havia participado de ato pró-anistia com Jair Bolsonaro no mesmo local. Desta vez, Tarcísio justificou a ausência por causa de uma cirurgia no joelho esquerdo realizada no fim de semana; segundo seu gabinete, o procedimento ocorreu sem intercorrências e ele retomaria atividades internas nesta segunda-feira, 4.
As assessorias de Ratinho Junior, Zema e Caiado foram procuradas, mas não responderam. Já os governadores Claudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC) participaram dos protestos em seus respectivos estados. Na capital paulista, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) subiu ao palco e foi citado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, como apoiador constante de Bolsonaro.
Estratégia política
Para o cientista político Elias Tavares, professor de pós-graduação em direito eleitoral da Faculdade Damásio, a ausência coordenada dos quatro governadores busca evitar desgaste com o STF num cenário alterado pelas novas restrições impostas a Jair Bolsonaro e pelo tarifaço anunciado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump contra produtos brasileiros. “Eles não querem se associar diretamente a Bolsonaro neste momento”, avaliou.
Tavares acredita que os governadores tendem a adotar posição de centro-direita, buscando eleitores além da base bolsonarista e evitando confrontos diretos com ministros do Supremo.

Imagem: Thiago Vieira via gazetadopovo.com.br
Papel de Michelle Bolsonaro
Com Jair Bolsonaro inelegível, Michelle desponta nas sondagens como principal herdeira do eleitorado do ex-presidente. Além de ser cotada pelo PL, ela faz a ponte com a base bolsonarista desde que Moraes proibiu Bolsonaro de usar redes sociais. Outro nome em evidência na família é Eduardo Bolsonaro, que deixou a Câmara dos Deputados para atuar nos Estados Unidos, onde intensificou críticas ao STF.
Nos discursos deste domingo, Michelle defendeu “recuperar a liberdade” e criticou o avanço da censura, atribuindo injustiças ao atual governo federal.
As manifestações ocorreram, além de São Paulo, em Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia e outras cidades.
Com informações de Gazeta do Povo