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Islândia discute ampliar orçamento de defesa e criar força militar própria

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Membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Islândia é o único país da aliança sem forças armadas regulares. Pressionado por Estados Unidos e parceiros europeus, o governo de Reykjavík estuda elevar os gastos militares e até formar um pequeno exército.

Atualmente, o país destina 0,2% do Produto Interno Bruto à defesa. A responsabilidade recai quase totalmente sobre a Guarda Costeira, que opera três helicópteros, dois navios e um avião de patrulha. “Isso não é suficiente”, afirmou recentemente um oficial ao jornal britânico The Economist.

Washington utiliza o território islandês para monitorar submarinos russos no Atlântico Norte e cobra maior participação local. “Eles estão nos pressionando”, disse a chanceler Thorgedur Katrin Gunnarsdottir.

O plano em discussão prevê elevar o orçamento para até 1,5% do PIB, o que permitiria melhorar a infraestrutura utilizada por navios, submarinos e aeronaves dos Estados Unidos e de aliados europeus em caso de conflito.

Ao mesmo tempo, autoridades temem maior exposição a ataques contra os cabos submarinos que conectam a ilha de 103 mil km² ao restante do mundo. Sem serviço de inteligência próprio, a proteção desses cabos também recai sobre a Guarda Costeira. Relatório do Center for Strategic and International Studies (CSIS) registrou que incidentes atribuídos a Moscou na Europa subiram de 12 em 2023 para 34 em 2024, incluindo explosões e cortes de cabos.

A Islândia começou a investir em submarinos não tripulados e tecnologia antidrone, mas reconhece limitações para enfrentar sabotagens.

Para Arnor Sigurjonsson, ex-chefe de defesa do país, confiar unicamente em aliados é “infantil”. Ele propõe uma força de 1.000 militares para proteger aeroportos e portos em emergências. A ideia, antes vista com ceticismo, ganha espaço na opinião pública.

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Imagem: Sigurdur J.Olafsson via gazetadopovo.com.br

Gunnarsdottir evita posição sobre a criação de um exército, mas cita exemplos de Luxemburgo e Malta, que mantêm contingentes reduzidos. “A questão principal é: como defendemos a Islândia?”, afirmou.

A preocupação cresceu após o ex-presidente dos EUA Donald Trump mencionar a possibilidade de anexar a Groenlândia e reiterar que europeus devem bancar sua própria defesa.

Além das tensões geopolíticas, a Islândia lida com riscos vulcânicos por estar sobre as placas tectônicas norte-americana e euro-asiática. O tema também influencia o debate sobre retomar negociações de adesão à União Europeia, que deverá ser submetido a referendo. Segundo o parlamentar pró-UE Pawel Bartoszek, “Vladimir Putin e, em muitos aspectos, Donald Trump” impulsionam a aproximação do país com o bloco.

Com informações de Gazeta do Povo