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Gesto obsceno de Alexandre de Moraes não tem investigação; Queiroga foi alvo de apuração por ato semelhante

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mostrou o dedo do meio a torcedores durante a partida entre Corinthians e Palmeiras, pela Copa do Brasil, na Neo Química Arena, em São Paulo, em 30 de julho de 2025. Até o momento, não houve pedido de desculpas nem anúncio de qualquer apuração por parte do STF, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ou de órgãos de controle interno.

A atitude ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram sanções contra Moraes com base na Lei Magnitsky. A imagem foi registrada por um fotógrafo de O Estado de S. Paulo, mas não se sabe a quem o gesto foi dirigido. Moraes acompanhava o jogo no estádio lotado, que teve transmissão televisiva e ampla repercussão nas redes sociais.

Especialistas apontam possível crime de responsabilidade

O constitucionalista André Marsiglia afirma que, por ocupar cadeira no STF, Moraes está sujeito à Lei Orgânica da Magistratura e à Lei do Impeachment. O artigo 39 dessa lei exige decoro de ministros da Corte e classifica a falta de decoro como possível crime de responsabilidade.

Para o advogado e comentarista político Luiz Augusto Módolo, o episódio evidencia a “crescente exposição” de integrantes do STF no cenário político. Segundo ele, magistrados deveriam preservar discrição institucional e agir rapidamente quando cometem atos públicos contestados.

A doutora em Direito Público Clarisse Andrade avalia que o silêncio institucional reforça a percepção de seletividade. Já o criminalista Márcio Nunes alerta para o risco de “impunidade institucionalizada” quando agentes de alto escalão não são submetidos ao mesmo rigor ético aplicado a outros servidores.

Queiroga foi investigado em 2021

O contraste lembrado por juristas envolve o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que mostrou o dedo do meio a manifestantes em Nova York, em setembro de 2021, durante viagem da comitiva de Jair Bolsonaro para a Assembleia Geral da ONU. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu investigação após ofício do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), fundamentado no Código de Conduta da Alta Administração Federal.

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Imagem: Marcelo Camargo via gazetadopovo.com.br

Queiroga justificou à época que reagiu “como humano” a insultos recebidos, mas o procedimento disciplinar foi mantido. O então chanceler Carlos França também foi citado na representação.

Críticas nas redes sociais

O pastor Silas Malafaia chamou Moraes de “Alexandre de Moraes, o pequeno” ao repostar a foto do gesto obsceno na rede X (ex-Twitter). O ex-assessor de Bolsonaro Fábio Wajngarten alegou que, se o ex-presidente fizesse ato semelhante, haveria “cobertura massiva” da imprensa. Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou que a postura “não condiz” com a de um ministro “sancionado”.

Apesar da repercussão, nenhuma providência foi anunciada pelo STF, pelo CNJ ou por outra instância responsável pela conduta de magistrados.

Com informações de Gazeta do Povo