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Uruguai questiona parque eólico brasileiro em área de fronteira contestada

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O governo do Uruguai enviou, em junho de 2025, uma nota verbal ao Itamaraty contestando a construção do Parque Eólico Coxilha Negra, instalado no Rincão de Artigas, região de 237 quilômetros quadrados localizada em Sant’Ana do Livramento (RS). Na mensagem diplomática, Montevidéu afirmou que a usina não representa reconhecimento da soberania brasileira sobre a área e manifestou interesse em retomar negociações a respeito do território.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores informou que o assunto será tratado pelos canais diplomáticos usuais.

Disputa iniciada nos anos 1930

A divergência sobre o Rincão de Artigas começou em 1933, quando um militar uruguaio identificou, segundo ele, um erro na interpretação dos arroios Invernada e Moirões durante a demarcação da fronteira. No ano seguinte, o Uruguai enviou nota ao Brasil solicitando revisão do limite, solicitação negada por Brasília.

Desde então, o país vizinho trata o território como contestado. O impasse ganhou novo capítulo em 1985, com a criação da Vila Albornoz – povoado erguido com apoio do governo brasileiro para marcar presença nacional na região. Três anos depois, em 1988, o Uruguai voltou a questionar a fronteira, mas o Brasil manteve sua posição, alegando que qualquer mudança violaria tratados firmados entre as nações.

Complexo eólico de R$ 2,4 bilhões

O Parque Eólico Coxilha Negra entrou em operação comercial em julho de 2024, após investimentos superiores a R$ 2,4 bilhões pela Eletrobras. O complexo ocupa 8,4 mil hectares e reúne 72 aerogeradores distribuídos em três usinas — Coxilha Negra 2, 3 e 4.

Uruguai questiona parque eólico brasileiro em área de fronteira contestada - Imagem do artigo original

Imagem: Divulgação via gazetadopovo.com.br

Com capacidade instalada de 302,4 megawatts, a usina é suficiente para suprir cerca de 1,5 milhão de consumidores. Cada turbina mede 125 metros de altura, possui rotor de 147 metros de diâmetro e gera 4,2 MW. Fabricados pela WEG no Brasil, os equipamentos pesam mais de 1,3 mil tonelada e contam com contrato que inclui montagem, operação e manutenção.

O desentendimento sobre a localização do parque revive uma disputa de quase um século entre os dois países, que seguirão tratando do tema na esfera diplomática.

Com informações de Gazeta do Povo