Brasília – O perito Eduardo Tagliaferro, que chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral entre agosto de 2022 e maio de 2023, afirmou na noite de quarta-feira (30) que vê como “vitória” a aplicação da Lei Magnitsky, pelo governo dos Estados Unidos, contra o ministro Alexandre de Moraes.
Tagliaferro participou, por videochamada, do programa “Conversa Timeline”, transmitido no YouTube e apresentado pelo jornalista Allan dos Santos. Durante a entrevista, o ex-assessor disse estar fora do Brasil — sem revelar o destino — e previu que poderá ser denunciado em breve. “Sou um dos perseguidos também. Ainda não fui denunciado, mas provavelmente a partir de hoje serei”, declarou.
Papéis de Eduardo Bolsonaro e críticas a Moraes
No diálogo, Tagliaferro elogiou o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por articular junto a autoridades norte-americanas as sanções contra Moraes. Na avaliação do perito, o parlamentar busca “salvar o país” de uma “tirania” atribuída à esquerda. “Não vejo apenas defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro; vejo uma luta para tirar esse domínio”, afirmou.
Ao comentar sua convivência no TSE, Tagliaferro descreveu Moraes como “narcisista” e “autoritário”. Segundo ele, o ministro usa estratégias de “amedrontar, assustar e calar” opositores. “A mim, ele não vai calar. O que já falei é só a pontinha do iceberg”, disse, acrescentando ter guardado documentos que comprovariam irregularidades. “Contra fatos, contra provas, não há argumentos.”
Investigações em curso
Em abril deste ano, a Polícia Federal indiciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional. Já em agosto de 2024, Moraes instaurou inquérito após a divulgação de mensagens entre o perito e o juiz instrutor Airton Vieira, assessor próximo ao ministro no Supremo Tribunal Federal. As conversas, reveladas pela imprensa, sugeriam uso informal de estruturas do TSE para elaborar relatórios que teriam subsidiado o inquérito das fake news.

Imagem: Alejandro Zambrana via gazetadopovo.com.br
Tagliaferro reiterou, durante o programa, que está disposto a apresentar os materiais que diz possuir sobre o ex-chefe. “Ele pode vir para cima, mas as provas estão comigo”, concluiu.
Com informações de Gazeta do Povo