São Paulo – 26 jul 2025. A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tarifaço aplicado pelos Estados Unidos foi alvo de questionamentos contundentes durante a XP Expert, conferência que reuniu líderes do mercado financeiro na capital paulista.
Debate acalorado com ministro dos Transportes
O ministro dos Transportes, Renan Filho, enfrentou a primeira saia-justa ao responder à acusação do presidente do União Brasil, Antônio de Rueda. Rueda afirmou que Lula “provocou” o governo Donald Trump ao aproximar-se de países do Brics e ao posar, segundo ele, com o líder checheno Ramzan Kadyrov enquanto o Ocidente apoiava a Ucrânia.
Renan rebateu dizendo que Lula escalou o vice-presidente Geraldo Alckmin para negociar com Washington. “Hoje mesmo, em um ato em Osasco, o presidente informou que Alckmin representa o Brasil nessas conversas”, disse.
No entanto, o mediador do painel, Rafael Furlanetti, diretor de Relações com Investidores da XP, interrompeu: “Mas, ministro, o presidente não deveria estar nos Estados Unidos negociando, em vez de em Osasco?”. A pergunta arrancou risos e aplausos da plateia.
Hegemonia do dólar em pauta
Em outro momento, o presidente do PT, Edinho Silva, justificou o empenho do governo ao lembrar que, nos últimos anos, os EUA acumularam superávit comercial de US$ 400 bilhões sobre o Brasil. Ele disse que a proposta oficial para rever as tarifas foi enviada a Washington em maio.
Furlanetti então questionou se tentar diminuir a dependência do dólar “alguma vez deu certo”. Silva respondeu que os EUA já priorizaram a Alca e, depois, a integração com a Comunidade Europeia sem críticas, enquanto a aproximação brasileira com China, Índia e África do Sul passou a ser vista como problema. “Qualquer nação tem direito ao multilateralismo”, concluiu.

Imagem: Paulo Baretta via gazetadopovo.com.br
Repercussões políticas
O painel abordou ainda as contas públicas e o cenário eleitoral de 2026. Pesquisas recentes indicam queda na reprovação de Lula após o tarifário de Trump, percepção que, segundo debatedores, pressiona o bolsonarismo.
Renan Filho acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de “atacar a democracia” e avaliou que o campo bolsonarista tende a ficar “isolado na extrema-direita”. Para o ministro, Lula pode articular nova frente ampla, aproximando-se do centro político.
Com informações de Gazeta do Povo