Pastora Denise Seixas aciona a Justiça para assumir controle da Igreja Bola de Neve
A pastora Denise Seixas, viúva do apóstolo Rina, fundador da Igreja Bola de Neve, iniciou uma disputa judicial pelo controle da organização religiosa após o falecimento de seu marido em novembro de 2024.
Na última sexta-feira, 29 de novembro, Denise protocolou uma ação na Justiça solicitando a anulação de um pedido de reintegração de posse, que, segundo sua defesa, foi conduzido de maneira irregular pela atual administração da igreja.
A disputa se intensifica em um contexto de incertezas sobre a liderança da instituição, que é uma das mais influentes no cenário neopentecostal brasileiro.
De acordo com os advogados de Denise, o estatuto da igreja prevê que, na ausência do presidente, o vice-presidente deve assumir automaticamente. Denise foi nomeada vice-presidente em 2016, e, com a morte de Rina em 17 de novembro, sua defesa argumenta que ela deveria ter sido automaticamente promovida à presidência da Bola de Neve.
No entanto, a igreja contesta essa afirmação, alegando que Denise renunciou ao cargo em agosto de 2024, e que o pastor Fábio Santos foi escolhido para a presidência em sua ausência.
A defesa de Denise refuta essa renúncia, afirmando que o documento associado a essa saída estava ligado a uma tratativa de divórcio que nunca foi homologada.
A disputa judicial e os argumentos das partes
A defesa da pastora Denise Seixas alegou resistência por parte da atual administração da igreja ao solicitar a prestação de contas. A Bola de Neve possui receitas anuais estimadas em R$ 250 milhões, e Denise afirma que o diretor financeiro, Everton Cesar Ribeiro, e o advogado Renê Guilherme Koerner Neto, dificultaram seu acesso às informações financeiras, além de articularem para removê-la do cargo.
A situação se complica ainda mais com as alegações de que, durante o velório de Rina, Denise foi pressionada a renunciar ao cargo de vice-presidência, o que ela considera uma tentativa de manipulação.
Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, Denise aparece discutindo com membros da igreja na sede da Bola de Neve, localizada na Lapa, zona oeste de São Paulo, durante o velório.
Ela relata que foi incluída em um documento de renúncia entre os papéis necessários para os trâmites do enterro, e que solicitou ler os documentos antes de assinar, mas foi impedida.
A tensão levou Denise a pedir a presença da polícia, embora não esteja claro se uma ocorrência foi registrada.
A posição da Igreja Bola de Neve
Em uma nota oficial, a Igreja Bola de Neve reafirma que Denise não faz parte da diretoria desde setembro de 2024 e nega qualquer irregularidade nas ações tomadas pela administração atual. A igreja alega que Denise invadiu a sede, demitiu funcionários e criou um ambiente de conflito.
A defesa da pastora, por sua vez, nega as acusações e enfatiza que a ação judicial tem como objetivo restaurar a ordem prevista no estatuto da instituição.
“A Igreja Bola de Neve reafirma que a pastora Denise Seixas renunciou ao cargo de vice-presidente. Ela foi acionada pela igreja após invadir a sede da instituição na última sexta-feira, ocasião em que até chegou a ‘demitir’ funcionários e expulsá-los do templo, causando um ambiente de desnecessário conflito, conforme boletim de ocorrência registrado”, diz a nota da igreja.
Análise de especialistas sobre a situação
Sérgio Ricardo Fogolin, especialista em direito societário, analisa que o ponto central da disputa é a validade do documento de renúncia. Ele destaca que, se o estatuto da igreja prevê que o vice-presidente assume na ausência do presidente, então Denise teria o direito de ocupar o cargo.
Caso a renúncia tenha ocorrido em um contexto de divórcio não homologado, ela pode ser considerada nula. No entanto, se o conselho da igreja for capaz de comprovar a renúncia ou destituir Denise através de uma assembleia, a situação poderá se reverter.
Próximos passos na disputa judicial
O caso segue na Justiça e pode estabelecer precedentes para futuras disputas em organizações religiosas. Denise luta para ser reconhecida como a sucessora legítima do apóstolo Rina, enquanto a diretoria atual da Bola de Neve argumenta que sua renúncia é válida e irreversível.
Independentemente do desfecho, essa situação já expõe um racha interno significativo e levanta questionamentos sobre a governança e a condução financeira de uma das maiores igrejas neopentecostais do Brasil.
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Fonte: Fuxico Gospel e UOL